E()ação?

      No desenvolvimento de um trabalho dessa matéria maravilhosa que tem sido Filosofia da Educação, lendo sobre a educação atual e métodos pedagógicos, eis que sobrevêm um exemplo do autor (em questão: Moacir Gadotti), do humano que surge e surpreende nas condições mais desfavoráveis enquanto que há humanos que possuem todas as melhores condições para aparecer e fazer a diferença, mas não cumprem com essa expectativa. Tal exemplo e situação fazem refletir sobre o porquê isso ocorre. Em seu texto, Gadotti defende uma pedagogia baseada no diálogo e discorre sobre como a dúvida é um ato libertador na medida em que torna um indivíduo consciente de si e de sua existência. Inclusive, coloca esta como uma tarefa do próprio educador: duvidar do sistema educacional para investigar e pôr em prática todos aqueles "e se isso fosse diferente".
      O foco principal das discussões tem sido sempre em relação à escola: qual a carga horária de cada matéria, qual a melhor maneira de separar os conteúdos, qual a melhor maneira de dividir os alunos, etc. Quando o verdadeiro ponto de partida deveria ser o próprio aluno. Deveria-se levar em questão que cada aluno aprende de maneira diferente, que nem todos têm interesse por todas as matérias, que a educação não rende ao obrigar o aluno a fazer algo que ele não quer e ameaçar puní-lo caso não cumpra com tal obrigação. Esse tipo de atitude e empreendimento torna o humano condicionado a sentir o desagradável como meio para qualquer fim que escolher. Logo, acaba propagando essa ideia ao próximo mesmo quando não se torna um educador.
      E, nesse processo de tornar-se educador, para alguém que realmente está interessado em fazer um mundo melhor, é necessário passar por um processo de desconstrução. Isto é, desconstruir o pensamento de que todos devem passar pelo mesmo sistema, exatamente da mesma maneira e aprender a mesma coisa sempre. A educação deve partir do aluno e do interesse deste. Ao trabalhar com uma turma, isso parece não ser possível, porém, é apenas um caso de interesse daquele que educa de conhecer seus alunos como indivíduos além de como um grupo. Não se deve pensar como impossível a ideia de encontrar uma maneira de ensino que agrade tanto o individual quanto o grupo, apenas deve-se manter em mente como algo que não irá seguir um padrão. A educação é sempre a partir do diálogo, mas ela também estará em constante desenvolvimento, nunca permanecerá estática.
      A importância da dúvida filosófica ser apresentada aos alunos é para que estes se entendam como seres humanos e existentes, assim ajudando-os a encontrar uma maneira em que possam igualmente transmitir a dúvida dentro da área na qual têm interesse. Aquele que surgiu do nada, na verdade, não surgiu do nada. Ele emergiu da aceitação de sua realidade; da investigação da dúvida sobre qual caminho gostaria de seguir e o que gostaria de mudar; e, também, das tentativas realizadas para atingir seu objetivo. Enquanto que, aquele que não cumpriu com as expectativas não o fez porque estava apenas seguindo o que lhe foi imposto e nunca duvidando pois todos seus questionamentos foram reprimidos pelo medo da punição. Gadotti também defende a dúvida como benéfica visto que ela ajuda a encontrar e decidir o que é o essencial. Desse modo, a pessoa  encontra algo para que possa agir determinadamente em função disso.
      Uma vez que deseja-se a mudança de um sistema (educacional), é indispensável que todos os outros (social, político e econômico) mudem juntamente. Entretanto, não se pode esperar que isso ocorra de um dia para o outro. Talvez utilizar-se do otimismo na questão educacional pareça um pouco insensato, mas realmente é um processo que requer tempo e paciência. E é igualmente importante que não se perca a esperança. Ao prestar atenção nas eventualidades mundanas, consegue-se perceber mudanças sutilmente ocorrendo; mudanças as quais pode-se tentar auxiliar para seguir o melhor rumo possível.

Comentários

  1. Fazendo uma colocação prática: melhor resultado seria conseguido criando provas de dificuldade média para que um grupo maior de alunos obtivesse resultados satisfatórios do que provas com alto grau de dificuldade que pouquíssimos seriam capazes de resolver!

    ResponderExcluir

Postar um comentário