22 de janeiro de 2011.

  Desde minha chegada aqui, semana passada estou com essa ideia de escrever um “diário”. As aspas porque bom... Não sei por quê. Mas a ideia esta comigo desde aquele dia 12, só não havia escrito ainda por falta de tempo. São tantas coisas interessantes por aqui que também nem saberia por onde começar, quem sabe deva começar com minha chegada. Foi tudo bem simples, cheguei mais ou menos duas da tarde, apenas uma mochila com roupas e o mp3 eu nunca abandono. Fui direto para a beira da praia, estava um ar gelado, apesar do forte sol, e sem vento ou brisa. Foi um momento relaxante. Após alguns minutos rumei para o hotel barato que achei. Barato e simples, mas bem cuidado. 

  Pois bem, a semana toda acordei de manhã, fui à praia, fui em feiras de livro e música, shoppings, feiras de roupa, tudo que sempre amei. Até que ontem encontrei essa livraria escondida entre duas lojas de sapatos e entrei sem pensar duas vezes. Logo de cara já encontrei essa espécie de livro/diário na qual agora escrevo. É uma perfeição. 

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  Depois de passar na vídeo locadora resolvi passar na praia, só para sentir melhor a leve brisa que levantava alguns fios de cabelo. Estava escurecendo, o que dava sinal que deviam ser nove horas. Poucos minutos depois cheguei na beira da praia, liguei o mp3, estava no aleatório, e no momento escutava "Until I have your love my world was cold". Penso porque as pessoas dão tanta importância para o amor. Claro, ele importa, mas o amor... Eu vivo sem receber qualquer tipo de amor, e estou bem. Por hora. 

  Enfim, cheguei mais perto do mar, só para observar pois no momento usava tênis. Acabei distraido-me com a música "We don't need to understand, there are miracles, miracles" e não percebi o mar subindo. Acabou que meu tênis estava encharcado. Quando o mar desceu novamente, algo ficou preso em meu cadarço, olhei para baixo e percebi um pequeno envelope. Peguei-o rapidamente antes que mais uma onda chegasse. Voltei para o hotel. 

  Depois de um banho quente e de colocar o tênis cuidadosamente na janela para que secasse sem cair, peguei o envelope agora seco e deitei-me examinando-o. Tinha algo escrito, mas ficou indecifrável devido a água. Resolvi abrir e deparei com um bilhete desintegrado e um anel. Fiquei imaginando quais seriam os mistérios daquilo. Talvez um pedido de casamento que deveria ter sido romântico e saiu errado e para tentar aliviar as angústias jogou o anel no mar junto com o bilhete que talvez estivesse pedindo desculpas. Formei várias teorias, mas essa pareceu a mais provável.

  Sinto que minha vida aqui esta apenas começando, quem sabe eu nem mude para outra cidade, afinal. E se por acaso alguém se arrepender de ter jogado um anel que parece tão valioso no mar ou até mesmo ter perdido, sem a intenção de se livrar dele, poderei ajudar devolvendo e talvez até mesmo desvendando o mistério. Sei que é essa minha vontade.

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