O tempo passa, eu penso demais...

 Sentada na parte de trás no carro, enquanto esperava o pai voltar, olhava o céu pela janela aberta e pensativa resolvi colocar meus fones. Quando 'While My Guitar Gently Weeps' começou a tocar, fiquei completamente diferente... Observava os pássaros e meu corpo escorregou no banco fazendo com que minha cabeça ficasse apoiada na porta, minha visão agora era a estrada, as ruas, lojas e casas que ali haviam. Chamou-me atenção uma mulher, particulamente achei-a bonita, tenho algo por ruivas, mas não foi por isso que a notei, foi o fato de ela estar com um carrinho de bebê, tão jovem e desajeitada tentando subir na calçada, pensei diretamente em uma garota que fazia curso de inglês comigo e acabou ficando grávida, dezesseis anos se me lembro bem, depois que teve o bebê, a mãe ia com ela para o curso, mas nunca entendi porque já que a garota só olhava para a mãe segurando aquela frágil criança. Mas ignorei a continuidade do pensamento e voltei a olhar para o céu, percebi então que estava me sentindo mal, realmente mal, não apenas por estar doente, mas emocionalmente, peguei um caderno, uma caneta e começei a escrever, isso sempre acontece quando estou com tal sentimento, porém ao terminar de escrever tudo que necessitava, não foi suficiente. Eu precisava de alguém, apenas tinha um problema, esse alguém está em São Paulo... Nada que um celular e crédito não possam resolver. Claro, não é a mesma coisa, mas me senti melhor naquele momento. Ainda melhor quando recebi uma inesperada resposta. Algum dia entenderei como funciona esse meu cérebro, ou não... Continuei a observar, mas nada mais me chamou atenção, criei várias teorias sobre a vida de algumas pessoas que passaram. Interessante foi que tudo ocorreu ao som da mesma música. Não que eu tenha escrito uma carta e pensado tanto em três minutos, mas depois de todas as músicas que passaram, percebi que a mesma música continuava a tocar repetidamente em meus pensamentos. Sempre sorrio para mim mesma quando isso acontece, acho divertido perceber as coisas sozinha... Logo começei a pensar que quanto mais tempo fico conversando comigo mesma, mais feliz sou, e logo, eu ri disso. Sim, é verdade, conversar com você próprio é um grande prazer, mas nada, nunca - essa palavra é extremamente forte, mas ainda assim, irei usá-la -, irá se comparar a ter uma pessoa a quem compartilhar ideias. Surgiu de repente algo que falaram para mim, sobre estar quase comprovado que homens têm tpm e conclui que tpm não existe, tanto em homens quanto em mulheres. A mulher tem a suposta tpm por sentir dores e ter que aguentar quatro, ou mais, dias trocando absorventes cheios de sangue coagulado - nojo. Ou então elas apenas não estão bem, mesmo que não percebam, algo no subconsciente dela diz que há algo errado. E quanto aos homens... Bem, cada um tem seu dia, às vezes até mesmo um sonho o qual a pessoa não lembra pode deixá-la de mau humor. Criei certa teoria de que quando acordamos com um sentimento de felicidade, tristeza, raiva, melancolia, etc., é algum tipo de "espírito" ou alma - não sei direito o que é, mas é -, como no último livro de Harry Potter quando ele 'sonha' com Dumbledore e acorda com aquela, digamos, motivação. De novo, é apenas uma teoria, uma a qual acho bem plausível. Depois de todo esse pensar, prestei novamente atenção na música, escutei 'life is beautiful, but it's complicated we barely make it, we don't need to understand', sorri e voltei a encostar a cabeça no porta do carro, dessa vez com os olhos no céu...

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