Até o fim

   Lá estava eu, em frente ao espelho gentilmente colocado na parede. O dia não estava quente, mas minha vontade era de usar uma blusa sem mangas juntamente de um shorts. Talvez levasse uma jaqueta, talvez não. Então prendi o cabelo desajeitadamente por não estar com vontade de fazê-lo. E por último, o colar.
   Saí do pequeno, porém confortável apartamento sem celular, sem fones, apenas a chave em mãos, nada iria atrapalhar aquele dia.
   Percorri com muita calma o caminho até a cafeteria, entrei, caminhei até a jovem mulher atrás do balcão onde tortas estavam a mostra e ela com um sorriso simpático - provavelmente por obrigação -, perguntou-me o que eu gostaria. Depois de pensar alguns segundos, mais por hábito do que por ter o que pensar, disse um café e um pedaço de torta qualquer.
   Olhei em volta e vi uma mesa ao lado da grande janela vazia, fui até ela, tirei a cadeira extra e sentei com um suspiro olhando o mundo afora e criando histórias para as pessoas que passavam e chamavam atenção por algum motivo, seja por ser ruiva ou estar levando consigo um caderno cheio de folhas soltas com anotações, todos ganhavam uma história. Quem sabe, pensei no momento, algum dia eu compartilhe a minha com alguém.