Tem coisas que são simplesmente inexplicáveis, você cria uma obsessão e leva a si mesmo numa loucura sem noção para tentar dar sentido a algo que não necessita disso. Por que começou, por que acabou, por que tudo isso, por que aquilo. O que está acontecendo? Não é preciso responder isso, mesmo quando nada parece acontecer, tudo está acontecendo. Acontecer é uma característica da existência, de certa forma. Se cada ser numa existência individual ou social tem algum propósito, não parece plausível ficar divagando sobre que propósito é esse e viver na inércia até o descobrir e então realizá-lo. Ficamos presos nessa ideia de precisar fazer algo significante com nossas vidas e quando não há reconhecimento externo, nos vem a sensação de tempo perdido. Desde que começam a (tentar) nos ensinar qualquer coisa, somos apresentados a respostas positivas e negativas sobre cada ação realizada. Cada resposta positiva é a sensação mais incrível que poderia ter, então busca-se fazer a mesma coisa para ter a mesma resposta e de novo e mais uma vez e repetidamente. Talvez o problema esteja que nos são apresentadas coisas em excesso esperando que sejamos bons em todas elas e, quando em alguma não somos, nos é cobrado mais atenção para fazer dessa algo bom ao passo em que naquilo que realmente somos bons por natureza nenhuma atenção é dada. Passamos a viver na frustração e miserabilidade emocional por não encaixar no padrão social de ser bom no que deveria. É formada uma angústia ao ter que escolher o que superficialmente é aceitável e o que interiormente é sentido como o certo a ser buscado. E, muitas vezes, acabamos confundindo o que sentimos com a resposta que nos foi apresentada. Se você lembra de algo que aconteceu alguma vez no passado que teve uma resposta negativa, mas, na verdade, foi pessoal e particularmente incrível, cria-se sentimentos confusos em relação a essa lembrança, pois você acaba sentindo como se estivesse decepcionando alguém - mesmo que esse alguém seja você mesmo - e fazer isso é uma desolação. A necessidade de aprovação e aceitação - de novo, mesmo que de si mesmo - que temos é até absurda. Talvez o conhecimento elementar do conceito de tempo seja um ponto de partida para a loucura. Pensamos nessas experiências que já foram e ficamos com receio de realizar a mesma ação - mesmo que em situações completamente diferentes - para não receber a mesma resposta. Simultaneamente, criamos infindáveis planos para o futuro e passamos o presente com medo de não realizá-los assim caindo na inércia existencial. Procurar sentido em tudo já é algo que, por si só, não faz sentido. Existir, apenas.
Minha filósofa está desabrochando!
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